Por Milton Cunha, Reitor da UNICARNAVAL
Primeiro, foi a música quem fez rapsódia. No âmbito musical, um tema composto a partir da união livre de diversas unidades rítmicas e temáticas, que não têm relação entre si, constitui uma rapsódia. Essa composição livre, que obedece a características especiais ou clássicas, é uma justaposição de escassa unidade formal de melodias populares e de temas conhecidos.
Depois, a literatura se apropriou dessa “colagem” para fazer a rapsódia narrativa, caracterizada pela liberdade, fragmentação e improvisação, frequentemente associada a obras que combinam elementos de diferentes fontes, tradições ou estilos, podendo também ser uma obra literária que absorve todas as tradições orais e folclóricas de um povo. Nos dicionários, também encontramos a acepção de “epopeia de uma ação ou de um povo”.
Portanto, ao tratar do universo de saberes das artes carnavalescas do Brasil, a Unicarnaval está tratando, cuidando e salvaguardando a grande rapsódia brasileira das expressões do Carnaval, que, no gigantesco Brasil, vai se manifestando em diversas formas de folia.
Pesquisar, documentar, publicar e ensinar os múltiplos saberes dessa epistemologia popular brasileira, contida em fazeres que performam celebração e afeto comunitário, é a nobre missão desta universidade livre das amarras do cânone dos caretas.
Lançar luz sobre a potência do povo, que independe do referendo das elites enclausuradas em quimeras, torna este esforço uma ode de amor ao Brasil que sai às ruas para reafirmar que a vida presta.