Ilê Aiyê celebra Maricá e a ancestralidade afro-indígena no tema do Carnaval 2026

O som dos tambores do Ilê Aiyê ecoou no Largo Quincas Berro D’Água, no Pelourinho, em Salvador, celebrando uma conexão ancestral que atravessa o tempo e o território. No último sábado (18), o primeiro bloco afro do mundo apresentou o tema que vai conduzir o Carnaval 2026: “Turbantes e Cocares: a história de resistência do povo afro e indígena de Maricá”.

O evento reuniu música, espiritualidade e emoção em uma noite marcada por encontros e celebrações. No palco, a energia da Band’Aiyê, do grupo Orisun e da Escola de Samba União de Maricá selou a união entre dois territórios que compartilham a mesma raiz de resistência e beleza: Salvador e Maricá.

Mais do que um lançamento, a noite foi um tributo à força ancestral e à história de um povo que constrói sua identidade pela cultura, pela arte e pela educação. “Escolhemos esse tema porque ele ajuda a conscientizar e fortalecer a autoestima de uma cidade fortemente negra, que muitas vezes não reconhece toda a sua riqueza cultural. Ao celebrar Maricá, queremos que as pessoas negras e indígenas se vejam refletidas nessa história e se reconheçam como parte fundamental dela”, afirmou o presidente do Ilê Aiyê, Antônio Carlos Vovô, que também é reitor da Universidade do Carnaval em Maricá.

Segundo ele, a escolha do tema também é um marco simbólico para a cidade de Maricá, que há três anos mantém uma parceria com o Ilê Aiyê através do projeto “Ilê in Maricá”. A iniciativa oferece oficinas gratuitas de dança, percussão e estética afro, com aulas de tranças e turbantes, aproximando a comunidade dos valores da cultura negra e indígena.

Com a recente inauguração da Universidade Livre do Carnaval (Unicarnaval), sediada em Maricá, tendo como um dos reitores o Vovô do Ilê, o projeto ganha ainda mais força. O espaço vai ampliar as formações artísticas e cidadãs já desenvolvidas, reafirmando a cidade como um polo de cultura e educação afro-brasileira. “Agora, com a Unicarnaval, teremos um espaço fixo para desenvolver oficinas de percussão, dança, estética e formação cidadã, ampliando o trabalho que já vem sendo realizado”, celebrou Vovô.

Para o presidente da escola de samba União de Maricá, foi um momento de muito orgulho e alegria. “Estar ao lado do Ilê Aiyê, o primeiro bloco afro do país, é motivo de orgulho para a União de Maricá. Estou muito feliz porque estamos levando o samba da nossa cidade cada vez mais longe. Agradeço ao Vovô do Ilê pelo carinho, pela amizade e por proporcionar esse intercâmbio cultural conosco.” Matheus Santos, presidente da União de Maricá

Vovô também destacou essa profunda conexão entre Bahia e Maricá será revelada ao mundo através do carnaval de Salvador. Em 2026, o Ilê Aiyê promete levar para a avenida um espetáculo que entrelaça a história e a simbologia de Maricá, retratando seus quilombos históricos — como os de Bacaxá, São Bartolomeu, Lagoinha, Ingá e Itaocaia — e celebrando personalidades locais que mantêm viva a força afro-indígena. A União de Maricá, escola de samba que representa a cidade nos desfiles do Rio de Janeiro, também fará parte desse enredo.

A parceria reforça os laços entre Bahia e Rio, mostrando que a cultura é o elo que une povos e gerações. Em meio à batida dos atabaques e às cores dos turbantes e cocares, Maricá brilhou. Duas cidades que resistem, criam e ensinam e estão prontas para brilhar na Avenida. “Esta parceria entre Maricá e o Ilê Ayê, é fundamental, pois vem com força da ancestralidade na maior economia criativa do planeta. Celebra a resistência, a luta e a riqueza das culturas afro-indígenas, nossa casa, a “casa da terra” e sobretudo a tradição do carnaval e a cultura popular, único lugar onde não somos colônia. Viva o Ilê Ayê! Viva Maricá o meu país!!”, comemorou o Secretário de Cultura e Utopias da Prefeitura de Maricá, Sady Bianchin.

UNICARNAVAL Maricá é uma iniciativa da Prefeitura de Maricá por meio da Secretaria de Cultura e Utopias de Maricá.